nós somos um

12/03/2011

Abismo


Estava sozinha em casa. O sol, suave, brilhava intensamente lá fora. Não queria ficar presa dentro daquelas quatro paredes que tantas facetas minhas já conheciam. Telefonei-lhe e perguntei se queria ir ter comigo, para passearmos e conversarmos. Disse que não, que tinha muito que fazer e não podia, pediu mil vezes desculpa mas manteve o não. Simplesmente não liguei e fui na mesma, fui sozinha. Pensando bem até era melhor ir sozinha. Pensando bem não queria ir com ele. Queria pensar na minha vida, escrever um novo parágrafo e corrigir os anteriores. Então fui, nada me impedia. Nada me prendia ali, nada nem ninguém. Peguei nas chaves de casa e sai porta fora. Não sabia onde ia, simplesmente ia. Os pés moviam-se devagar, com movimentos calmos e precisos. Afinal não havia pressa, não sabia o que iria fazer, mas sabia que não havia pressa nenhuma.
Dei por mim, junto a um abismo, um alto e perigoso abismo. Observei o lugar com todo o cuidado. Não. Não o conhecia, nunca ali tinha estado. Apenas me perguntava porque e que os meus fieis pés me tinham levado ali se eu não conhecia o sitio. Voltei a observa-lo. Afinal conhecia. Não era como me lembrava dele, mas conhecia aquele lugar. Onde antes tinha sido o parque infantil, onde passará toda a minha infância, era agora um abismo. Era um sítio digno, e a minha curiosidade era enorme. Então não pensei, simplesmente fiz. Saltei, mergulhei, voei, deslizei. E caí.

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