nós somos um

30/03/2011

dimensão

 
- João, tenho uma duvida. Hoje sonhei com uma coisa, ando aterrorizada, foi muito feio, este sonho, sabes parecia real, e tinha vida, e não tinha uma pequena falha sabes.
- Diz princesa, o que se passou? Algo de grave, posso ajudar?
- Podes, podes sim. És tu o único que pode ajudar.
- Estou aqui, neste “local” para isso.
-Neste local, ã? Como assim? Não percebi.
- Princesa…
- Esquece! Hoje, no sonho, tu dizias-me que já não me amavas e que eu era passado. Que não passei de uma miúda com quem tu curtiste. Diz-me que não foi isso. Diz-me. Diz-me ! E só mais uma coisa, depois beija-me.
- Princesa, meu amor, neste “local” és tu que decides o que eu digo, por isso sim, não foi isso que aconteceu. Eu amo-te, sempre.
- João! Não percebo, isso do local ? Promete-me que vais sentir isso sempre por mim,  e que sempre que me beijares os teus olhos vão brilhar, e tu vais sorrir, vais sorrir só para mim, cada vez mais.
- Neste local, eu prometo e beijo-te e sorrio sempre só para ti.
- João, que é isto do local ?  Não percebo.  Princesa, o sonho é teu, és tu que sabes, não eu.

29/03/2011

amor

No mundo, os corações são compostos por uma metade de peça. Existem as semelhantes, as quase perfeitas e apenas uma, apenas uma encaixa com toda a perfeição. Apenas uma muda a  vida e nesse momento não é a gravidade que nos agarra ao chão mas sim essa pessoa.  Nesse momento não nos interessa que aquela pessoa seja nossa, mas apenas que respire, que esteja bem viva, feliz. Nesse momento sabemos quem somos verdadeiramente.  Nesse momento temos a perfeita noção que quando essa peça que perder verdadeiramente, se partir ou deixar de existir no mundo somos vulneráveis corpos à espera de serem levados. Existem uns que se adequam à forma que a próxima peça virá. Mas nunca é o mesmo. Nunca será. O amor é complicado. E sei que jamais o compreenderei. Sei que te amo, sei perfeitamente que te quero. Sei, agora que te tenho e que te desejei durante tanto tempo. Agora dou-te tudo. Tudo o que pedires será teu. Tudo o que é meu será entregue a ti. Não sei se és a minha peça perfeita. Mas não me interessa, porque neste momento és tu por quem eu estou verdadeiramente e irreversivelmente apaixonada por ti apenas por ti. Amo-te João. obrigada por me voltares a sentir viva. por me dares um novo objectivo. uma nova alma. um novo corpo. uma nova vida.
                                                                                                                  

22/03/2011

desculpa...

   Era noite breu e eles estavam os dois juntos. Apenas se conseguia perceber as indefinidas e deformadas formas de meros animais. Ele com um braço musculado e robusto puxava-a para ele e beijava-a. Ouvia-se sussurros de amor. Ele , gigante , pegava-lhe ao colo como mera pena branca de veludo e e beijava-lhe o peito, descia lentamente com os seus lábios meios e húmidos pelo umbigo, pelas suas ancas definidas.  Continuava sempre e beijava-la até ao útero  e subia lentamente no mesmo percurso. Beijou o  pescoço. Seguiu a meio dos seios repentinamente onde aí, já apenas beijava o queixo e fechando lentamente os olhos procurava a sua boca. Beijava-a lentamente. Bruscamente beijou-lhe o nariz e devagarinho, bem devarinho encostou a sua cara à testa dela.                     Continuou a beija-la nos olhos. Com mil beijos apaixonados chegou ao pescosso onde apenas cheirou e passou o seu nariz. Continuou a beija-la pelo ombro descendo vagarosamente pelo braço, pela mão. Pegou num dos seus dedos perfeitos e colocou um anel muito brilhante. Dourado. No fundo, apenas se via uma luz cintilante, o anel. Ela não disse nada e ele continou a beijar-lhe a perna, um beijo suave e beijou o joelho e o pé. Deitou-a a seu colo e permaneceram juntos a noite inteira. Como seres únicos. Como seres possuídos. Como seres apaixonados.
(…)
       Avistou-se uma sombra a deixar o lugar, e levara consigo o anel. Apenas me consegui aperceer que era o anel porque brilhava mais que qualquer objecto.
    Largou-o e deitou-o ao mar sussurando baixinho… desculpa… continuo amarte.

16/03/2011

imperfeição

Um dia estaremos sentados na minha cama, e eu vou dizer que já não te amo mais. Vou mostrar todas as feias e grandes cicatrizes que crias-te e vou dizer que és passado. Vou pegar em ti, beijar-te a ultima vez e dizer que já não te quero. Vou pegar na tua mão e com o teu suave dedo vou passa-lo pela minha cicatriz. Vou dizer-te adeus para sempre e vou sorrir. Tu não vais acreditar. Tu vais chorar e vais sofrer tanto como eu sofri. Vais arrepender-te.
(…)
 Nesse dia, eu já não serei eu. Nesse dia eu serei  apenas um vulnerável e absurdo corpo humano. Sem alma, sem amor ou qualquer coisa que se pareça vivo. Nesse dia eu serei uma mulher amarga e sem vida. Nesse dia eu não serei eu, porque sei que o tempo não curou nada, sei porque tentei. Outro rapaz não resultou nada, sei porque tentei. Nesse dia, nesse mesmo dia, nessa mesma vida eu serei uma pessoa feia. Nesse dia, provavelmente terei todas as cicatrizes entreabertas, e se alguma vez me curar realmente curo-me de uma forma retorcida e imperfeita.

12/03/2011

Abismo


Estava sozinha em casa. O sol, suave, brilhava intensamente lá fora. Não queria ficar presa dentro daquelas quatro paredes que tantas facetas minhas já conheciam. Telefonei-lhe e perguntei se queria ir ter comigo, para passearmos e conversarmos. Disse que não, que tinha muito que fazer e não podia, pediu mil vezes desculpa mas manteve o não. Simplesmente não liguei e fui na mesma, fui sozinha. Pensando bem até era melhor ir sozinha. Pensando bem não queria ir com ele. Queria pensar na minha vida, escrever um novo parágrafo e corrigir os anteriores. Então fui, nada me impedia. Nada me prendia ali, nada nem ninguém. Peguei nas chaves de casa e sai porta fora. Não sabia onde ia, simplesmente ia. Os pés moviam-se devagar, com movimentos calmos e precisos. Afinal não havia pressa, não sabia o que iria fazer, mas sabia que não havia pressa nenhuma.
Dei por mim, junto a um abismo, um alto e perigoso abismo. Observei o lugar com todo o cuidado. Não. Não o conhecia, nunca ali tinha estado. Apenas me perguntava porque e que os meus fieis pés me tinham levado ali se eu não conhecia o sitio. Voltei a observa-lo. Afinal conhecia. Não era como me lembrava dele, mas conhecia aquele lugar. Onde antes tinha sido o parque infantil, onde passará toda a minha infância, era agora um abismo. Era um sítio digno, e a minha curiosidade era enorme. Então não pensei, simplesmente fiz. Saltei, mergulhei, voei, deslizei. E caí.

08/03/2011

vive

Simplesmente… Não sei. Desta vez não sei o que escrever. Comes-te tudo o que tinha. Comes-te os meus medos comentos os meus monstros. Deste-me uma nova alma, deste-me um novo sonho. Sempre sonhei em nós. Sonhei que iríamos dançar e tu cantavas, tu cantavas para mim e riamos e depois beijavas-me e dizias-me que era única. Antes via isso como um bicho, um monstro. Agora, tu ajudaste-me, ajudaste-me a ver que somos nós a comandar, as coisas não estão escritas. Sempre pensei que tudo estava escrito, sempre pensei que era tudo predefinido. Não sei. Contigo, as coisas parecem mais simples, mais claras. Deste-me um pequeno sentido de viver, não de viver para ti, não de viver para mim. De viver para nós, de tentar que isto de certo. Eu acredito no príncepe encantado. Acredito. Não sei se és tu. Não sei. Sinceramente, não sei quem és, ou quem sou. Mas na verdade isso importa verdadeiramente?  Para mim não importa, apenas sei, que quando te vejo brilha. Tudo brilha. Se és a pessoa que vou amar para sempre? Não sei, o sempre ainda não passou por mim. Se és a pessoa que eu não posso perder? Não sei, nunca te tive. Eu não sei de muita coisa, sinceramente não sei de nada sobre isto. Mas sei que me senti viva por pensar que te podia ter. Mas sabes, eu não sei se existes, ou se devo estar com medo, porque de um momento para o outro pode cair tudo. podemos cair e ninguém sobreviver e nessa altura ainda não vivemos o pouco que haveria para viver. E na outra vida, estaremos arrependidos ou apenas reconfortados?

05/03/2011

irreal

Prometi a mim mesma que não me ia apaixonar mais. Para que? Para desejar, amar, tentar proteger e depois, no final sermos expulsas de uma vida que nunca foi nossa, sem experimentar? Sofrer por amar, e saber que nunca se vai ter, dói tanto. Dói-me tanto, ver-te na escola, a passar todos os dias e ter de fingir que não é nada. Que nunca foi ? Desejo-te mais que nunca, amo-te mais que nunca. Gostava tanto de te ter perto de mim, só para mim. Poder dizer-te tudo o que sinto. Tudo o que quero, tudo o que realmente desejo. Mas não consigo. Eu amo-te tanto. Os dias passam e eu continuo a amar-te e a querer-te cada vez mais. Mas eu já não tenho esperança. Eu já não te tenho e tudo isto. Isto de te querer e nunca te ter, está-me a matar, está-me a matar tanto. A cada diz que passa, eu já não sei quem sou. Já não sei que alma tenho. Eu já não tenho melodia na alma, já nem tenho amor para dar. É tudo teu. Tudo o que eu tenho foi depositado em ti que está algures dentro de ti, numa gaveta que está entreaberta e que jamais tu alguma  vez vais tentar abrir ou sequer olhar. E isso magoa, arde e destrói. O teu amor por mim nunca vai ser nada. E eu estou a morrer, estou a gelar e apenas tu conseguias derreter e conseguias voltar a criar o calor que sempre foi meu e que permanece, algures no teu interior, no interior que eu venero, no interior que eu desejo. não quero mais ninguém, só te quero a ti, só quero o teu amor e a tua alma, o teu ser.Vou-te sempre recordar como um amor impossível. Como um amor que nunca será no plural e que nunca terá realidade.