nós somos um

14/04/2011

João.


Todos os dias, pelas 8 da noite eu preparo-me. Todos os dias, eu visto uma das camisas curtas com decote, as calças justas e descidas rasgadas e cheias de bolços. Meto o Ayliner, o risco preto, o rimel. Meto base no rosto bem suavemente e coloco um batom vermelho carregado. Pego nas chaves e na carteira, levo o casaco pelo braço e desco a escadaria do prédio. Ando uns quarteirões e vou para o bar. entro no bar e o momento revive-se. A porta está entreaberta e eu puxu-a com a mão a termer, todas as noites.E todas as noites o mesmo momento revive-se. Todas as noites eu passo pelos mesmo homens que lançam olhar suspeitos. e todas as noites eu atravesso o corredor e sento-me na ultima mesinha com flores amarelas. Todas as noites eu sento-me imovel, no local onde disses-te que deixei de ser tua.Todas as noites relembro como a tua imagem se desvanesse mais do banco. Todas as noites fico imovel no local onde morri e todas as noites eu fiquei ali à espera que um dia voltes, à espera que entres novamente pela porta e dizeres-me que tives-te de partir, seja por qualquer razão. Espero pelo momento que eu me sinta verdadeiramente preparada para deixar o lugar que me assombra e persegue todas as noites. que me obrigada a voltar. Até lá, vou continuar sentada, no mesmo banco à espera que voltes. Sei que nunca voltarás e sei que nunca deixarei de ir todos os dias ao bar. Sei que jamais serei eu. Sei que morrerás ali. Tal como matas-te a minha alma, tal como me matas-te a mim.

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